No Brasil, os temas democracia
participativa encontram suporte na própria Carta Magna, promulgada em 1988, que
institui a “ a democracia participativa” e cria formas do povo exercer o poder. “Por meio de representantes eleitos ou
diretamente, nos termos desta constituição”(art 1o). No que refere
especificamente à educação, a constituição de 1988 estabelece como princípios
básicos: “ o pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas” e a “gestão
democrática do ensino público”. (art. 206).
Esses princípios aqui delineados podem ser considerados como
ferramentas de uma gestão democrática e participativa, não se implanta a partir
de decisões de poucos e não se dá de forma automática, em alguns momentos
faz-se necessário retrocessos para que se aproxime do ideal desejado.
De modo que requer uma ação
coletiva dentro da escola, visto que envolve decisões de dimensões política e
pedagógica. Compreende-se que existem empecilhos a participação, que se
configuram no termo que alguns gestores têm com relação não só a tomar decisões
em conjunto, como também socializar informações. Vivenciar esta participação
envolve riscos e é um desafio para envolvermos os membros da comunidade
educativa no processo participativo.
Nesse processo de democratização na
escola pressupõe um processo de troca de informações, nos mais diferentes
níveis, entre escola e comunidade e que deva existir um clima de confiança
recíproca evitando confrontos que possam surgir. O diálogo é elemento essencial
no processo de intercâmbio de vivências, experiências, interações entre todos
os participantes do processo. (DÁLMAS, 2009).
Nesta perspectiva vivemos um
planejamento que é centrado na pessoa, com seus valores, seus sentimentos, modo
de vida econômica, social e quando envolvido em um grupo toma decisões
comunitárias. Esta prática de planejamento participativo incentiva o individuo
a ter uma visão crítica da realidade, exigindo assim uma participação com o
objetivo de promover mudanças e as transformações desejadas tendo em foco um
ideal. (DÁLMAS, 2009).
Com certeza essa visão, irá
delinear uma boa gestão, fundamentada na participação. Os estabelecimentos de
ensino, onde os gestores praticam uma gestão “consultiva” e que buscam
orientações no corpo de funcionários e ouvem suas opiniões para assim tomar
suas decisões, desenvolverem um ambiente de aprendizagem de forma mais eficaz.
(LUCK, 2007).
A Construção da Gestão Democrática e os processos de participação
A LDB em seu artigo 12, estabelece uma orientação de passar a escola uma
responsabilidade de elaborar, executar e avaliar seu projeto pedagógico.
Os dois princípios definidos de
gestão democrática de ensino público ratificam o inciso VI do art.206 da
Constituição Federal. A participação dos professores e especialistas na
elaboração do projeto pedagógico da escola funciona como balizamento da gestão
democrática no âmbito das instituições públicas. Nesta perspectiva, as decisões
centralizadas cedem a um trabalho coletivo entre os integrantes da escola e a
comunidade escolar.
Ao fazer assim a escola não apenas
estará contribuindo para a democratização da sociedade, como também passa a ser
um lugar para a execução da democracia, onde a comunidade passa a ter
consciência e estará comprometida com
seus interesses.
Em uma gestão escolar, há decisões
que devem ser tomadas e isso de fato é um ato político, pois representa todos
que compõem a escola e sua comunidade. De forma que para uma tomada de decisão
devem estar envolvidos todos e de forma coletiva, envolvendo os diversos
segmentos da escola.
Para que de fato exista uma tomada
de decisão compartilhada é necessário implementação de mecanismos de
participação, por exemplo, conselhos escolares, conselhos de classe, uma forma
de participação dos alunos, grêmios estudantis, por meio da construção coletiva
do projeto político pedagógico já comentado anteriormente, dentre muitas outras
ações. O objetivo é que exista uma cultura de participação e de democratização
na escola o que requer aprendizado, ou seja, aprender a ser democrático.
Notamos assim, que é fundamental
uma implementação da prática participativa bem como o acompanhamento destas
práticas. Em muitas escolas ainda existe uma postura autoritária na gestão escolar. No entanto, precisa ser
rompida por meio de mecanismos de participação e ações democráticos. Visto a
importância da construção coletiva do projeto político pedagógico onde está
envolvido todo esse processo, é uma
maneira de distribuir esse poder e praticar a prática participativa fazendo
mudanças da forma de gerenciar tal procedimento.
Para termos uma gestão democrática
não é um processo simples, que em poucos dias iremos conseguir os objetivos
esperados. No entanto, não é tão complicado que não possamos atingir nossas
metas, pois essa prática é construída na escola. Já falamos da implementação do
projeto político pedagógico e também do
conselho escolar,pois estes são documentos que influenciam as decisões tomadas
na escola, por que utilizam o processo democrático e participativo nas decisões
tomadas em prol das mudanças esperadas pela comunidade escolar.
Podemos ressaltar que a
participação aqui em discussão não é um resultado de processos
autoritários e espontâneos, mas é uma conquista diária e adquire força
quando todos se responsabilizam pela causa.
Essa descentralização dos processos
de direção e gestão demanda o desenvolvimento do espírito de equipe e noção de
gestão compartilhada nos estabelecimentos de ensino. Visto que muitos ficaram
arraigados a métodos tradicionais de gestão, que levará tempo para corrigir e aperfeiçoar a prática..
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